Uma reflexão sobre o intrigante filme La Belle Verte

Sabe aquele filme que dá vontade de assistir de novo, e novamente e mais uma vez?

Então, eu ainda não sabia como era essa sensação até assistir “La Belle Verte”.

Já assisti o filme duas vezes em uma semana. E acredito ser daquele tipo de filme que, quando for assistir novamente daqui uns meses ou anos, aprenderei outras coisas. Afinal, nossa consciência expande, muda e evolui. E com isso nossa visão das coisas também vai mudando.

Esse surpreendente filme é muito avançado para sua época, La Belle Verte, foi produzido em 1996 pela renomada diretora Coline Serreau. Ela nos remete a uma mensagem clara de uma maneira bem leve, mas direta.

Nos faz pensar se como vivemos realmente estamos evoluindo ou é na realidade atraso? Nosso afastamento da natureza, afastamento das pessoas, afastamento do problemas reais, esse sono profundo que vive a sociedade industrial na ânsia de produzir mais, pra consumir mais, pra produzir mais, pra consumir mais, gerando uma espécie de loop infinito parecida com a cena de uma cobaia de laboratório numa roda giratória.

A história

Em outro planeta, bem menor do que a Terra, seus habitantes evoluíram a ponto de viverem em plena harmonia com a natureza. Durante a “reunião do planeta”, eles discutem questões triviais, organizam-se, trocam serviços, mantimentos, etc. É também nessas reuniões que decidem quem irá para outros planetas, a fim de trocar experiências, aprender e ensinar.

Acontece que quando vem a pergunta “quem quer ir a Terra?” ninguém se pronuncia. Há mais de 200 anos que eles não enviavam ninguém para nosso planeta. Da última vez em que estiveram aqui, era a época de Napoleão, e quando eles partiram estávamos vivendo a Revolução Industrial.

Mas porque ninguém quer mais ir para a Terra? Segundo eles, a Terra não evoluiu, seus habitantes não estão abertos a aprender ou sequer podem ensinar algo para os moradores da utópica “Belle Verte”. É aí que aparece Mila, a protagonista, e resolve se voluntariar para vir até a Terra e ajudar na evolução do nosso Planeta. Ela aterriza em Paris, na França, onde sua trajetória começa.

A partir daí, a história se desenvolve com a reação de Mila ao chegar a Terra, as pessoas que ela encontra, etc. Ela chega a Terra com a capacidade de “desconectar” pessoas, algo como despertá-las para a realidade, sair do ego. Se comunica com sua família por telepatia, usando a água como meio condutor.

É fascinante ver as pequenas e grandes críticas que esse filme faz, com muita sutileza e humor. Questões como porque ainda se usa o dinheiro? Porque diversas pessoas estão sofrendo de males do estômago? Porque a água é toda engarrafada ou encanada? Porque ainda andam em carros? Onde está a terra? É tudo coberto com concreto. Não tiveram bastante tempo para evoluir desde a Revolução Industrial? Etc…

Não vou te contar o filme todo. Se sentir que tem afinidade com a história, assista e reflita você mesmo. Não irá se arrepender.

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Reflita

Porque é que estamos maltratando tanto nosso habitat? A única espécie que se torna inimiga dela mesma, que destrói sua casa, que se acha superior as outras espécies.

Não sou adepta da frase “estamos acabando com nossos recursos naturais”. Acredito que o Universo é abundante e pleno. Mas é claro que estamos colaborando para a piora de todos os nossos recursos. É como se perdessem o valor.

Já parou para pensar porque temos que tratar nossa água? Isso não deveria ser um recurso usado naturalmente, sem interferência humana? Afinal, ela é essencial e sempre esteve aqui, para que todos desfrutassem.

Além das questões ambientais, o filme nos leva a pensar em todo o sistema no qual vivemos de maneira geral. Os habitantes desse planeta vivem mais, não possuem tecnologia nenhuma (mas já tiveram e já passaram para o próximo estágio depois da era tecnológica).

Uma das grandes sacadas do filme, é o encontro de habitantes aqui na Terra, que teriam as mesmas capacidades de telepatia e de harmonia com natureza que os nossos amigos visitantes. Não vou te contar quem são eles, mas foi uma grata surpresa que me fez refletir ainda mais.

Quem é mais evoluído: nós aqui com nossa tecnologia, governo, desigualdade social, lei do mais forte sobrevive ou aquele que abdica de todas essas modernidades e vive de forma muito mais simples?

Claro que isso não é um consenso e não existe apenas uma verdade. Se estamos aqui, vivendo nessa era, desfrutando de tecnologias e arcando com suas mazelas, é porque era aqui que deveríamos estar nessa etapa da evolução humana. E está tudo bem!

A ideia do filme, que em português é chamado de “Turista Espacial”, é mesmo refletir sobre as dificuldades, sobre a falta de verdade e a cegueira que nos impede de ver que todos somos um. Somos uma espécie, deveríamos viver em harmonia e preservar nossa própria casa, a Terra.

Uma das cenas clássicas no filme:

[Donnie Darko – Mais que um filme, uma viagem!]

Não é jogar fora toda tecnologia, toda conquista da humanidade. É apenas buscar o equilíbrio e viver essa época com mais cuidado e consciência.

Porque quem deseja viver em uma fazenda ou um sítio, que quer plantar sua própria comida, que produz sua própria energia, pratica permacultura, abdica de televisão, carros e grandes cidades, porque essas pessoas são “anormais” aos olhos da sociedade? Será que já não é hora de rever conceitos? Ou, pelo menos, respeitar a escolha alheia. Ao mesmo tempo, há que se perceber que quem escolhe viver assim também não é melhor do que ninguém. Não há que se julgar quem vive de uma maneira ou de outra.

Lá em 1996, Coline Serreau e diversas outras pessoas já haviam despertado para essa realidade. E antes e depois delas, muitas outras tentaram nos alertar. Sábios, estudiosos, cientistas, filósofos, religiosos, cidadãos desconhecidos ou famosos.

Um “remédio” para ser amado – cena do filme

O filme vem para nos dar um alerta, sobre o que estamos fazendo com nossas vidas, nossa falta de tempo para a família e pessoas queridas, nossa arrogância, nosso estresse, nossa falta de cuidado consigo mesmo e com o planeta.

A realidade é que cada um tem o seu tempo e a sua maneira de “desconectar” ou despertar. Não há dúvida que viver em contato e harmonia com a natureza, comer alimentos vivos e saudáveis, respirar ar puro, faz bem ao ser humano. Mas o respeito pela opção de vida do outro, pelo que lhe faz bem nesse momento, também é necessário para a harmonia e evolução do ser humano.

Vamos buscar despertar as pessoas, resgatá-las dos hábitos que não fazem bem a sua alma e a sua saúde, com nossos exemplos. Não adianta impor o nosso modo de ver as coisas, dizer que taxativamente o tipo de comida “x” faz mal, o hábito “y” é pior ainda, e que você não deveria fazer tal coisa porque é errado. Seria errado do ponto de vista de quem? Quem está tentando impor a própria noção de certo e errado?

Para mudar o mundo, mude o seu jeito de olhar para ele. Não tente mudar ninguém.

O futuro – cena do filme:

Assim como os personagens do filme, podemos “desconectar” as pessoas da “matrix”, mas de outra forma que é pelo exemplo. Seja você o exemplo, e mostre que hábitos sustentáveis, alimentação saudável, práticas espirituais ou o que quer que seja, funciona e faz bem. Quem sabe assim alguém possa se inspirar em você, e começar a ver o mundo de modo diferente?

Tudo no tempo de cada um. Se você quer morar no interior, plantar, praticar Yoga, etc, está tudo bem. Ou se você quer viver numa cidade, ter o seu carro, comprar sua comida e viver assim, está tudo bem também! Ninguém é melhor do que você. Se estamos aqui, vivendo essa época, nesse momento, é porque é onde deveríamos estar. Afinal, na ficção, quantos anos depois da Revolução Industrial os habitantes de “la Belle Verte” chegaram ao perfeito equilíbrio?

Assista o filme e tire seus próprios aprendizados. Esse relato foi apenas o meu ponto de vista. Compartilhe com a gente sua visão e o que achou!

Assista ao filme legendado clicando aquiDownload do filme legendado aqui e legenda aqui.

Paz, luz e gratidão!

Sou Ana Carolina, de Niterói no Rio de Janeiro. Curiosa e pronta para aprender sobre vários assuntos! Apaixonada por natureza, viagens, turismo, montanhas, culinária saudável, cidades pequenas, trilhas, praticar esportes, pelo verde das matas e pela intrigante busca do "quem somos nós". Acredito que todos temos dons para compartilhar com o mundo, e um dos meus é compartilhar palavras, textos e ideias para refletir. Desejo viajar pelo mundo, mas sempre voltando ao meu lugar e compartilhando conhecimento! Busco através da meditação, da técnica EFT, e de outros métodos de autoconhecimento, encontrar clareza na minha vida e ajudar outras pessoas. Acredito que todo ser vivo é nutrido de amor, e é nossa missão espalhá-lo por aí!

5 opiniões sobre “Uma reflexão sobre o intrigante filme La Belle Verte

  • Reply Fabi Campos 3 janeiro, 2018 at 12:31

    Olha, sem sombra de dúvidas esse filme é uma das coisas mais instigantes e lindas que já assisti. Fiquei maravilhada! Compartilhei com meu par! Quê evolução! Quê visão de mundo!! Os franceses são de fato fodões! E a você, gratidão por compartilhar! Beijos ternos

    • Reply Ana Reis 3 janeiro, 2018 at 16:23

      Que ótimo Fabi!!! Gratidão! Esse é um filme para se espalhar por aí mesmo!
      Muita luz para vocês! Beijos!

  • Reply Wx Fagner 11 fevereiro, 2018 at 1:18

    Realmente muito bom.

  • Reply Ricardo Almeida 15 março, 2018 at 10:26

    Esse filme é demais! Um hino para Nova Era que vem ai!

  • Reply Fernanda 12 julho, 2020 at 19:26

    Ana, adorei sua resenha, assisti esse filme essa semana e fiquei encantada! Não paro de pensar nele. Concordo com tudo o que você disse.
    Obrigada! Beijos