Incorporar a natureza na escola reduz o estresse das crianças e melhora o aprendizado

Atualmente muitas crianças e adolescentes no mundo todo têm sido diagnosticados com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e têm sido tratadas com o medicamento metilfenidato, conhecido no Brasil como ritalina. Em 2014, uma tese de doutorado realizada no Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) constatou um aumento de 775% no consumo deste medicamento na última década no Brasil.

Nos Estados Unidos a situação não é diferente. De acordo com uma reportagem feita pela Natural News – organização que defende a saúde natural com base em ciência – ao usar drogas estimulantes do sistema nervoso, como a ritalina, para lidar com a hiperatividade e o déficit de atenção o comportamento das crianças tem sido modificado e as razões pelas quais as crianças estão estressadas têm sido ignoradas.

A própria presença de déficit de atenção e hiperatividade em crianças mostra que há uma desconexão entre o ambiente escolar restritivo e o fluxo natural da personalidade de uma criança. Nas escolas públicas dos Estados Unidos é relatado que as crianças são obrigadas a permanecer em um ambiente não natural, que incentiva o condicionamento social e mental. Ficar sentada em um só lugar por longos períodos, atrás dos muros de concreto e das janelas trancadas parece ser uma prisão para o próprio coração e para a natureza de uma criança. O espírito jovem das crianças quer mais do que um sistema rigoroso que só exija tarefas, dia após dia. Quando podem brincar livremente, por um curto período de tempo, só existem espaços de concreto e equipamentos de plástico. As mãos, pés, olhos e ouvidos das crianças raramente conseguem sentir o conforto e beleza da natureza.

Incorporar a natureza na experiência de aprendizagem reduz os níveis de estresse das crianças

Um artigo publicado na revista Health & Place mostra o quão importante é a relação dos alunos com a natureza. “Muitas escolas já oferecem programas de gerenciamento de estresse, mas eles estão ensinando indivíduos a lidar com o estresse ao invés de criar ambientes que reduzem o estresse”, disse Louise Chawla,  da Universidade do Colorado, autora principal do estudo.

O estudo descobriu que a incorporação de habitats naturais nos pátios da escola ajuda os alunos a lidar mais adequadamente com o estresse, ao mesmo tempo em que aumenta a capacidade de atenção e reduz o conflito. A presença de árvores e grama ao invés de plástico e asfalto equilibra o comportamento das crianças, além de ser um ambiente meditativo e gratuito.

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“As escolas são onde as crianças passam a maior parte de suas horas de vida, por isso é um lugar importante para integrar o contato diário com o mundo natural, por causa dos inúmeros benefícios que ele traz”, disse Chawla.

Os pesquisadores observaram essas vantagens em uma escola primária de Baltimore que atendia crianças com dificuldades de aprendizagem. Os pesquisadores também viajaram para o subúrbio de Denver para analisar estudantes de diferentes origens socioeconômicas. Depois de realizar 1.200 horas de observação, os pesquisadores entrevistaram professores e pais, procurando por mudanças comportamentais.

Estudantes preferem árvores do que brinquedos de parquinhos

Na área de recreação da escola primária de Baltimore, eles observaram que 96% dos estudantes de três anos escolares consecutivos preferiram brincar na floresta ao invés de brincar no parquinho. Ao brincar na floresta, as crianças sentiram-se livres para se engajar em atividades sensoriais. Em entrevistas, os professores relataram que essas crianças eram mais atentas e livres de estresse quando retornavam à sala de aula. A maioria dos pais considerou que a experiência também era importante para as crianças, pois era crucial para o equilíbrio social e emocional das crianças.

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Da mesma forma, as aulas de jardinagem proporcionaram benefícios enormes na redução do estresse, permitindo que as crianças se reconectassem com a natureza e sentissem uma sensação de calma. As salas de aula que faziam jardinagem ao ar livre eram mais relaxadas e cooperativas, preferindo o ar fresco ao invés de ficarem presas dentro de uma sala de aula. Quando os estudantes refletiram sobre suas experiências, quase todos perceberam as vantagens desse contato maior com a natureza.

Crianças promovem relacionamentos de apoio quando aprendem estando em meio à natureza

Na escola primária de Denver, um em cada quatro alunos que finalizaram as tarefas em um habitat natural, consideraram a experiência como “pacífica” ou “calma”. A maioria achou que o processo os ajudou a escapar do estresse da sala de aula.

Os benefícios da natureza não se encerraram lá. Os professores relataram que um aluno estava sendo provocado por um grupo de colegas de classe, e que devido ao seu contato com a natureza ele estava mais calmo do que o habitual e com isso não alterou seu temperamento como costumava fazer.

“Em mais de 700 horas de observações no espaço verde ao ar livre da escola de Denver, não foi observada nenhuma atitude não civilizada. Mas houve muitos episódios de discussão e grosseria em ambientes fechados, como ocorre em muitas escolas”, afirmou Chawla.

O estudo concluiu que fazer a recreação em áreas arborizadas, ter aula de ciências ao ar livre, ensinar jardinagem e fazer trabalhos de escrita na natureza são quatro formas poderosas pelas quais as escolas podem reduzir essa sensação de prisão que as crianças têm ao ficar em ambientes fechados. Usar a natureza ao invés de medicamentos liberta as crianças do condicionamento social e comportamental. A natureza não trata as crianças como se elas fossem o problema. Ao introduzir a natureza no ambiente de aprendizagem, as crianças se sentem mais livres para interagir, prestar atenção e usar sua criatividade.

Fonte: Natural News, The Epoch Times

Sou paulistana e desde 2009 decidi me mudar para a ilha da Magia (Florianópolis, SC), pois sentia falta do contato com a natureza. Sou neta de italianos e aprendi desde pequena a gostar de mexer na terra e cuidar das plantas, quando ajudava meu pai com a hortinha dele. Sou bióloga MSc., educadora ambiental e aromaterapeuta. Adoro aprender e compartilhar assuntos que proporcionem uma vida em melhor harmonia consigo mesmo, com os outros seres e com o planeta.

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