Descubra como um ecomilionário americano resolveu gastar o seu dinheiro na América do Sul.

Douglas Tompkins vendeu as suas empresas para se tornar num polêmico latifundiário ecologista. Há duas décadas que compra terras no Chile e na Argentina para, depois, as converter em parques nacionais, alem dele próprio ser um viajante inveterado.

O que podem ter em comum George Soros, o especulador financeiro, Ted Turner, o fundador da CNN, e Sylvester Stallone, o ator que dispensa apresentações?

Ou ainda a família Benetton, dona da conhecida marca de vestuário, e Joe Lewis, o multimilionário britânico que é o patrão de André Villas Boas, no Tottenham, e de duas centenas de empresas, nos cinco continentes?

Todos eles adquiriram grandes propriedades na América do Sul.

Uns, porque quiseram ter aí um discreto retiro para as suas férias, outros, porque viram na região uma oportunidade de investimento e outros, ainda, por ambos os motivos. O clã Benetton, designadamente, é o maior proprietário privado da Argentina, onde conta com mais de 900 mil hectares (aproximadamente 10% do território continental de Santa Catarina), usados para a criação de gado cuja lã é, depois, aproveitada no seu império empresarial.

Douglas Tompkins, nascido há 70 anos em Ohio, EUA, é um caso à parte. Também ele é um latifundiário, no extremo sul do continente americano, sendo o maior proprietário privado do Chile. Descobriu o país, aos 18 anos, quando ali participou num campeonato de esqui. Amante da natureza e dos esportes de aventura, não completou sequer o ensino médio e deixou a cidade onde cresceu, Nova Iorque, para se dedicar às atividades de montanha. 1

Para se sustentar, passou a oferecer os seus préstimos como guia, no Colorado e na Califórnia, o que lhe permitiria também conhecer os pontos mais altos do planeta e realizar sucessivas expedições aos Alpes, aos Pirenéus e, claro, aos Himalaias. A sua experiência e espírito empreendedor fizeram com que viesse a fundar uma empresa de referência para os adeptos de emoções fortes ao ar livre: The North Face. As barracas  desmontáveis, as mochilas e os sacos-de-dormir tornaram-no a ele e à sua mulher milionários em tempo recorde.

O mecenas da CIA

Aliás, o êxito foi tal que o casal nem precisou que durasse mais de cinco anos. Em 1968, Douglas e Susie decidiram vender as respetivas participações na firma e, com o dinheiro angariado, puderam rodar pelos cinco continentes. Foi nessa ocasião que se apaixonaram pelos Andes e pela Patagônia.

No entanto, perceberam que não poderiam viver folgadamente sem uma nova fonte de rendimento. Com a colaboração de uma amiga, reincidiram no setor do vestuário, criando uma outra marca global, a Esprit.

Em menos de uma década, o negócio passa de uma velha kombi para se desenrolar em  dezenas de países. No entanto, Douglas Tompkins está cada vez mais preocupado com o ambiente e com o impacto ecológico da indústria da moda. Duas personalidades passam a merecer a sua atenção: John Muir, o engenheiro e naturalista que promoveu a criação do primeiro parque nacional dos EUA, Yosemite, em 1890; e o filósofo norueguês Arne Naess, responsável pelo conceito de “ecologia profunda” e uma figura incontornável para os ambientalistas e o movimento ecologista internacional. É assim que, em 1989, ano em que cai o Muro de Berlim e quase tudo muda no mundo, também ocorre uma revolução na vida de Tompkins: divorcia-se, vende a sua parte da Esprit que lhe rende mais de 150 milhões de dólares e ruma ao Chile e à Argentina para se dedicar à preservação do meio ambiente.

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Em abono do rigor, também para voltar a esquiar, a praticar caiaque e deixar-se deslumbrar com as maravilhas locais. No entanto, a sua agenda e prioridades estão mais do que definidas: comprar para depois as preservar.

Desde então terá adquirido um milhão de hectares e gasto mais do dobro do que recebeu pela Esprit. Metade dessa superfície encontra-se hoje protegida, após ter sido classificada como parque nacional em ambos os países. O “ianque imperialista” que há duas décadas era olhado com a maior desconfiança e até descrito como um agente infiltrado da CIA é agora o maior doador de terras do subcontinente e talvez de todo o mundo.

O seu manifesto ecológico está disponível no YouTube e intitula-se The Next Economy.

Com sorte, também pode conhecer a pessoa ao vivo, na Casa Rincón del Socorro, o seu principal ecorresort, na Argentina. A partir de 180 dólares por noite…

Fonte: Visão

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