Mindfulness Project, uma proposta de vida holística na Tailândia

“Não amaldiçoe a escuridão, acenda uma vela” – o provérbio chinês foi uma das primeiras coisas que ouvi ao chegar ao Mindfulness, projeto que tem como intenção incentivar os seus participantes a entender a si mesmo através da observação do presente. Combinando conhecimentos práticos do budismo aliados às iniciativas permaculturais, ele vem fazendo a diferença não só para a população local, mas na vida de qualquer um que ouse a participar dessa aventura interna, através da yoga, meditação e lições de sustentabilidade. A comunidade aponta a transformação interior como caminho para a grande mudança exterior, e assim tomamos o rumo.

O dia começa bem cedo, quando somos acordados pela batida do gongo, imersos na beleza da floresta que circunda a comunidade. De maneira silenciosa, as primeiras atividades do dia são a pratica do yoga, seguida de meditação. Foi durante esses momentos que pude perceber ainda mais o poder do silêncio e compreender a honra de simplesmente observar as outras pessoas, os seus gestos e emoções. Fazemos o café da manhã em grupo, outros ficam encarregados pela limpeza dos banheiros ou organização do dormitório. De forma muito natural, voltamos a falar quando abraçamos uns aos outros na saudação após o café. Uma rápida reunião é realizada, e os voluntários são divididos em grupos com suas respectivas tarefas, seja na cozinha preparando o almoço coletivo, seja no campo, participando da construção da horta ou da casa de adobe que estava sendo construída para uma das famílias da aldeia.

Melhore a sua qualidade de vida com a meditação Mindfulness

A solução sustentável se popularizou, e era visível o envolvimento dos habitantes locais com a construção da casa, onde muitos se ofereciam para ajudar, fosse para levar os voluntários para campo ou até mesmo auxiliar na construção. Todos eram movidos pela curiosidade de ver a tal casa de lama pronta e em pé.

Família Mindfulness reunida antes de começar as tarefas do dia!

Yoga no começo da manhã

A tarde é sempre livre, tempo bom para visitar o povoado local, observar o tempo passar na rua principal tomando um sorvete, ler um livro debaixo de uma árvore, ou socializar com os outros voluntários. Seguindo as tradições dos monges tailandeses, temos duas refeições ao dia, café da manhã e almoço. No começo da noite acontece o “Talking circle”, dinâmica que tem como propósito principal aprofundar as nossas conexões com os outros voluntários e estimular o nosso processo interno de autoconhecimento. Duas perguntas são sempre feitas, na primeira compartilhamos nosso momento favorito do dia, e a segunda tem caráter mais pessoal, oportunidade para dividir algo particular sobre nós mesmos, criando assim uma atmosfera de confiança e fraternidade entre os voluntários. Depois seguíamos com as lições de ensinamentos budistas.

Depois de trabalhar na construção da casa de lama, terminamos o dia na lagoa!

Esse é a paisagem do local, estávamos cercados por campos de arroz

“Talking Circle” no fim da tarde, na minha opinião esse era um dos melhores momentos do dia

A simplicidade do nosso modo de vida durante o trabalho voluntário revelava os segredos da permacultura: Banheiros secos, banho de cuia, pouco acesso à eletricidade, dormitórios simples e abertos, cozinha coletiva e sem nenhum acesso a internet. As refeições são vegetarianas, e também nos era pedido que só usássemos produtos naturais para manter o local livre de poluição. Muitos desses produtos eram feitos pelos próprios voluntários.

Rak Tamachat – um exemplo de comunidade sustentável na Tailândia

Almoço vegetariano feito pelos próprios voluntários

A diversão começava no caminho aonde estava sendo construída a casa de lama!

Confira a seguir fotos do Mindfulness Project, e se tiver interesse em saber sobre as tecnologias alternativas e as aplicações de permacultura, acesse a página Gaia Arquitetura ou o website oficinal da comunidade.

Voluntários trabalhando na construção da casa de lama

Todos reunidos em frente a fachada da casa de lama

Crianças da aldeia local visitando o Mindfulness Project

 

Jovem arquiteta e urbanista pé na estrada, praticante da filosofia tântrica e entusiasta das alternativas sustentáveis. Em tempos em que impera o individualismo comodista e com ele a míngua do respeito e preocupação com o meio ambiente, defende o despertar para as vantagens que resultam da cooperação e solidariedade. Criadora e responsável da página Gaia Arquitetura, fruto de seu anseio de contribuir para a transformação que deseja ver no mundo.