Medicina Tradicional Chinesa – conhecimentos ancestrais bem atuais

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) baseia-se em conceitos Taoístas e energéticos, os quais enfocam o indivíduo como um todo e como parte integrante do Universo.

“Tao é o caminho da espontaneidade natural. É o que produz todas as coisas que existem”. É a energia primordial do Universo. A característica principal do Tao é a natureza cíclica do seu movimento e sua mudança incessantes – esta ideia de padrões cíclicos do movimento do Tao reflete-se nesta medicina quando estuda as forças opostas Yin e Yang. Todos os fenómenos da natureza são constituídos pelo movimento e transformação destes duas forças, como dia e noite, o tempo claro e o sombrio, o calor e o frio, a atividade e o repouso, o céu e a terra. O homem fica submetido à influência do Yin e Yang, em mutação constante.

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Entendendo-se que a doença é resultado do desequilíbrio destas forças Yin-Yang (intra corpóreas como extra-corpóreas), os métodos de MTC devem visar reestabelecer o equilíbrio entre os dois elementos. Para tal procura-se diagnosticar alterações energéticas no corpo que permitam conhecer a causa do desequilíbrio (da doença). Ao longo dos meridianos – canais onde flui a energia Qi (conhecida como Ki no Japão, Qi na China, Prana na Índia e atualmente bioenergia no Ocidente) – é feita uma “leitura” do estado energético (excesso, deficiência, estagnação…) dos órgãos associados a esses meridianos.

Para reestabelecer o fluxo da energia vital pelo organismo podem ser usados vários recursos, tais como a Acupuntura, a Moxabustão, Massagem Tui-Na, Auriculoterapia, Chi Kung (Qi Gong), Tai Chi Chuan, a Dietética e a Fitoterapia.

A palavra Acupuntura foi introduzida no Ocidente pelos jesuítas ao retornarem da China, provém do latim, onde acus significa agulha e punctura, picar. Consiste portanto, em picar agulhas em pontos especiais da pele, a fim de se obter uma resposta terapêutica determinada. Já a moxabustão consiste na combustão de uma pequena quantidade de pó de artemísia nos pontos de acupuntura. A massagem Tui-Na usa movimentos de massagem geral com enfoque nos pontos a tratar e, por vezes, com uso complementar de ventosas.

O Qi-Gong é derivado da alquimia taoísta e foi introduzido em diversas artes marciais e na medicina oriental como prática preventiva e curativa. A palavra Chi significa sopro vital, ar, ou ainda energia. Gong significa exercício ou treinamento. Assim, Qi-Gong pode ser entendido como exercício respiratório e energético, ou seja, exercícios respiratórios que estimulam a estrutura energética. Existem dois tipos básicos de Qi-Gong, com diferentes finalidades: Qi-Gong como arte marcial (baseia-se no fortalecimento muscular e ósseo e no desenvolvimento do poder de concentração e tem como objetivo o combate) e Qi-Gong terapêutico (tem a função de equilibrar corpo, mente e emoção). “O Qi é como a água, necessita de movimento, não pode ser bloqueado. Qualquer tentativa de restringir o movimento natural de renovação pode trazer o desequilíbrio do corpo e da mente. Por essa razão, o Qi gong tem o propósito de recuperar a naturalidade do corpo e não o de construir um corpo artificial”. (Cheng, 1989).

A Dietética é uma das especialidades médicas das mais antigas na China, a qual classifica os alimentos como Yang ou Yin, segundo sua cor, forma e teor de água. Os taoístas consideravam o regime alimentar muito importante para manutenção da saúde. (Beau, 1974).

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A energia dos alimentos é um fator influente no ser humano, sob enfoque energético, físico e psíquico. Assim sendo, por intermédio da teoria dos 5 elementos é possível intervir nos desequilíbrios de maneira reguladora. Os cinco sabores e a correspondência que eles mantêm com os órgãos segundo a doutrina dos cinco elementos constituem o fundamento da dietética chinesa. Em geral, o sabor correspondente do órgão tonifica se houver insuficiência da função: salgado para o rim, doce para o baço-pâncreas, ácido para o fígado, picante para o pulmão e amargo para coração.

A Fitoterapia chinesa é muito particular pelo uso de ervas, raízes e outros elementos da natureza em fórmulas que poderão englobar seis ou mais plantas e cada uma delas com objetivos bem definidos, que vai desde impedir efeitos colaterais indesejados a encaminhar os agentes principais ao local da doença.

A base da terapia principia com a Teoria dos Cinco Elementos, que considera que a natureza (e o homem) é constituída por cinco elementos básicos: madeira, fogo, terra, metal e água, existindo entre eles uma relação de interdependência gerando assim um estado de constante movimento e transformação. Os elementos geram-se mutuamente na seguinte ordem: a madeira gera o fogo; o fogo gera a terra (sua combustão produz cinzas); a terra gera o metal (os metais nascem na terra); o metal gera água (quando se liquefaz); a água gera a madeira (pois a nutre); e a madeira gera o fogo (ao se queimar) fechando o ciclo. Ao elemento gerador, denominamos de “elemento mãe”, e ao elemento gerado denominamos de “elemento filho”. Por exemplo, a madeira é filha da água e mãe do fogo. Esse constante movimento de geração levaria o universo a um desequilíbrio. Para frear esse processo, temos a lei da dominância agindo simultaneamente: a madeira domina a terra (as raízes das árvores a penetram); a terra domina a água (absorvendo-a); a água domina o fogo (apagando-o); o fogo domina o metal (fundindo-o); e o metal domina a madeira (a lâmina do machado abate a árvore).

Há mais de 2600 anos já haviam descrições da classificação dos órgãos e vísceras segundo a teoria dos cinco elementos, no Livro de Ouro do Imperador Amarelo. Assim, o fígado e vesícula biliar pertencem ao elemento madeira; o coração e intestino delgado ao fogo; o baço-pâncreas e estômago à terra; o pulmão e intestino grosso ao metal; rins e a bexiga à água.

Ciclicamente temos o Qi dos Rins que alimenta o Fígado (madeira); este armazena sangue para ajudar o coração (fogo); o calor do Coração vai aquecer o Baço-pâncreas o qual transforma a essência (energia) dos alimentos que vai encher o pulmão (metal); o Pulmão purifica auxiliando os Rins (água).

Cada elemento é responsável por um tipo de tecido corporal e reconhece-se em diferentes estruturas do corpo (ver quadro). Os estados psíquicos também estão associados aos cinco elementos: a cólera (raiva) ao elemento madeira; a alegria ao fogo; a reflexão ao baço; a tristeza ao pulmão; e o medo aos rins. As estações do ano e as cores influenciam-nos animicamente. Para não falar também do Feng-shui e da sua relação com os cinco elementos.

Sumariamente, toda esta medicina é bastante complexa pela imensidão dos conhecimentos que encerra. Sugere-se um estudo bem aprofundado das suas disciplinas quem quer se envolver como terapeuta. Para quem procura equilíbrio no seu dia-a-dia ou mesmo uma terapia com uma abordagem mais humanista e mais global do ser humano, encontra nesta (não descurando outras medicinas ancestrais) uma escolha válida e reconhecida já por órgãos internacionais como a Organização Mundial da Saúde.

Chamo-me Ana Santos, de Portugal. Adoro explorar a natureza em todas as suas formas, sentir a liberdade e o poder de viajar, fotografar, ter acesso à imensidão da arte (música, cinema, dança...) e da simplicidade da amizade. O que me move? a felicidade de poder viver e partilhar estilos de vida saudáveis e sustentáveis. Perguntam-me ainda hoje o que quero ser? e eu sempre digo: ser? nada; quero fazer!

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