4 passos para uma vida analógica

Trabalhando há anos nas áreas gráfica e de TI, o tempo me mostrou ser massacrante passar a vida na frente de uma máquina. Exausta por conta das inúmeras exigências, as quais não tinham qualquer conexão com o que eu sou, entreguei os pontos e fui forçada a decidir. Desconectei, enfim!

Para postar esse texto eu precisei me conectar. Para localizar uma imagem também. E não há o menor problema nisso. A questão principal aqui é compartilhar um processo no qual, gradativamente, fui voltando a me interessar pelo que acontece fora das telas. Silenciar esses estímulos. Alguns passos são pequenos. Outros gigantescos. Mas todos a seu tempo. Vamos lá!

Primeiro passo:

Decidi olhar mais para a janela. Contemplar. Aliás, em uma das multinacionais que trabalhei, acreditem, não existia nem janela na sala! Comecei a perceber o entorno, a vida que existe fora da correria, dos e-mails, das planilhas. Um “revival” do que vivi na infância, quando tivemos um sítio no interior de São Paulo.

Segundo passo:

Decidi sair da cidade. Hoje moro em uma propriedade rural. A diferença de qualidade de vida quando você opta por uma vida “na roça” é estratosférica! Não tenho padarias, nem sorveteria, quiçá um mercadinho por perto, mas não troco os 20 minutos para chegar à civilização por nada nesse mundo!

Terceiro passo:

Decidi desconectar. É irônico, mas a vida off-line é uma fonte de conexão! Ok que do alto dos meus 40 anos é mais fácil não dar tanta atenção à vida digital. Não nasci com uma tablet na mão. Mas a internet também já foi meu vício. Agora veja bem, é muita coisa acontecendo em um metro quadrado de jardim! Rs…Considere prestar atenção a isso da próxima vez que se deparar com um.

Quarto passo:

Esse está na fase “WIP” (work in progress). Daqui do meu “farm office”, olhando para a vista e curtindo o silêncio e a paz de uma casa rodeada de árvores, procuro uma atividade que possa ser realizada e potencializada por essas vivências. Há todo um universo de possibilidades, e com calma, vamos descobrindo o que mais tem a ver com nosso interior, com o que realmente somos.

Assim como a Natureza segue seu fluxo, tenho certeza que com calma e serenidade, encontrarei meu caminho. Todos encontraremos. Meu palpite é que surgirá em um momento de total desconexão com a vida comum, mas fortemente conectado com nossa vida real e interior. Boa sorte para todos nós!

 

"Filha de pais contemplativos, sempre olhei muito mais para o alto, do que para a frente. O céu me fascina! Hoje olho também para dentro, e busco no meu interior toda a harmonia e paz que enxergo no mundo. Graduada em publicidade, poderia também seguir nas artes, biologia ou talvez em astronomia. Há um universo para explorar e compartilhar! Moro em uma fazenda de café, e tenho o privilégio de acordar com o movimento calmo de uma natureza que nunca para, e que nos surpreende diariamente com sua força e beleza. E é na observação dessa vida rural e "real", que está o tema de nossas conversas e impressões. Have a nice trip!"

Uma opinião sobre “4 passos para uma vida analógica

  • Reply Clovis Tsuyoshi Miyasaki 10 maio, 2019 at 18:15

    Olá Alessandra. Curti o seu texto. Se o governo permitir, daqui 2 anos e meio me aposento. Sou professor e minha intenção é, ao aposentar, desconectar dessa correria também. Como foi o seu início nessa empreitada ? Abraços, Clovis.